Espaços de água no quotidiano dos Jesuítas de Coimbra
por Sónia Filipe (Reitoria da UC) e Paulo Morgado (GeoBioTec UA)
A água sempre teve uma importância muito significativa para o sucesso da implantação dos espaços habitacionais, fossem eles domésticos, militares, religiosos ou outros. Quando a água não brotava naturalmente no local de consumo, teria de ser captada e transportada de mais ou mesmo longe, através de sofisticadas estruturas construídas, umas vezes à superfície, outras enterradas.
Assim aconteceu também no Colégio de Jesus de Coimbra, onde a água provinha de fora e alimentava as cisternas que depois permitiam a sua distribuição pelas diversas dependências desta casa colegial.
A água que circulava no complexo jesuíta não serviu somente para nutrir as necessidades básicas do corpo e da higiene dos espaços. Foi também elemento de apoio aos momentos de lazer e meditação da comunidade aqui residente. Isso nos mostra a [magnífica] fonte de recreio que os Jesuítas possuíam, localizada na plataforma entre o corpo principal do colégio e o complexo do refeitório, cozinhas e oficinas. Esta fonte seria alimentada pelo circuito próprio de distribuição de águas e tinha ligação hidráulica à grande cisterna que se localiza adjacente.
Também na Quinta de Vila Franca, que os Jesuítas possuíam na atual zona da Portela, junto ao Mondego, a proximidade da água do rio e as estruturas hidráulicas ali existentes seriam do usufruto da comunidade jesuíta que aqui se deslocava para recreio. Nesta quinta residiu o Padre António Vieira na década de 60 do século XVII, enquanto recuperava saúde e decorria o processo inquisitorial contra ele movido.
De todos estes espaços, que são também objetos que integram o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, se dará nota, permitindo, primeiro a visita virtual ao processo de escavação dos mesmos, e, após a comunicação, uma visita à cisterna adjacente ao Laboratório Chimico.