O fomento dos transportes e comunicações. Um programa iluminista para Portugal no final do século XVIII
por Carlos Moura Martins (Departamento de Arquitectura, FCTUC)
A configuração da rede de vias de circulação do território continental sofreu uma significativa transformação no final do século XVIII. Foi uma opção tardia do estado português, por comparação com outros estados europeus como a França, Grã-Bretanha ou Espanha que começaram a modernizar a rede viária mais de meio século antes. Enquadrado pelo pensamento iluminista, que concebia o mercado interno como a base da riqueza das nações, o fomento das vias de circulação pelos estados europeus teve por objectivo facilitar a comunicação e o transporte de pessoas e bens.
Em Portugal, o melhoramento das fracas ligações viárias então existentes envolveu as vias terrestres e as vias fluviais. A configuração da rede viária foi orientada por dois objectivos principais: aprofundar a interligação entre os sistemas de circulação por terra e por água, e promover a aproximação entre os centros urbanos e os centros produtivos.
Esta comunicação terá por objecto a ideia de rede pensada na época para o território continental. Para a sua análise usar-se-ão dois planos cujos autores se formaram na Universidade de Coimbra: o plano para a rede nacional de estradas, do magistrado Miguel Pereira Pinto Teixeira, realizado em 1781, e o plano para a rede geral de correios, do magistrado e matemático Alberto Carlos de Meneses, realizado cerca de 1799.